

Blog da produção do documentário que leva o nome provisório de "Hardcore 90 - Uma História Oral". O roteiro do documentário parte da pesquisa de mestrado de Marcelo Fonseca, mestrando em História Social da PUC-SP e é uma produção conjunta com a Berinjela Filmes
Para inúmeras pessoas o punk e o hardcore se apresentam apenas como um tipo de música. Para outras representa um pouco mais do que isso. Marcelo Muir é natural de Pindamonhangaba e viveu em sua cidade, e em São Paulo a experiência de novas formas do punk-hardcore na década de 90. Tendo passado pelas bandas Street Bulldogs e Another Side, ele nos fala como percebe hoje, os dias que dividia com amigos aquelas possibilidades.
As ações dos homens não estão descoladas do tempo e do espaço. Na história do punk, muitos lugares tornaram-se conhecidos pela movimentação social das cenas. Outros por marcarem o surgimento de grupos. Em São Paulo, a Vila Carolina é o exemplo claro disso, sendo identificado como o local do nascimento do punk no Brasil. No correr da década de 90, com mais e mais pessoas tomando conhecimento e se interessando pelo punk, diversos outros locais tiveram sua importância por congregarem pessoas que tinham interesses comuns. Kiko Dinucci cresceu no Parque Cecap em Guarulhos. Em suas memórias e lembranças ele evoca o primeiro momento de uma cena que estava por nascer, através do bom humor de sua fala, perpassam personagens, bandas, sentimentos e uma percepção amadurecida de um momento que viveu.
Inúmeras pessoas passaram pelo universo do hardcore de diversas maneiras, uns ficando mais tempo, outros menos, cada um a seu tempo e modo, tirando dessa vivência as próprias conclusões sobre a vida. O músico do Hurtmold e São Paulo Underground era um dos membros do Againe, no correr dos anos 90. Rememorando sua experiência, com um viés reflexivo e crítico nos trouxe a constatação do que o hardcore enquanto comunidade pode vir a ser, e principalmente o que significou a ele em determinado momento.
A musicalidade produzida no universo do hardcore é bem variada e múltipla. Em se tratando da década de 90, novas vertentes de música pesada e extrema despontavam atraindo atenção de diversos jovens, tanto nas metrópoles como no interior. O surgimento do grindcore, e o estabelecimento de uma das mais ativas redes de correspondência da década de 90, trouxe para a cena hardcore novas possibilidades. Alcir tocou na banda Hinfamy e relembra como tomou contato com o grindcore além de comentar sobre a cena extrema do interior paulista.
“Aprendi que o que não se registra, se perde no tempo.” Palavras de Marcelo Fonseca, historiador formado pela PUC-SP que partiu de seu projeto acadêmico pra fazer o documentário “Hardcore 90 – uma História Oral”, sobre o hardcore feito no Brasil na década passada. Marcelo pretende gravar cerca de 80 entrevistas com participantes da cena, entre eles, membros do D.F.C., Street Bulldogs (foto), TPM e Personal Choice. Algumas delas estão disponíveis no www.hardcore-memoria.blogspot.com, que acompanha passo a passo a gestação do filme." 25 de março de 2009. | N° 353 "
Muitos dos depoentes do projeto se referem ao "hardcore" como sendo algo maior que a música feita nesse meio. Dessa forma, a própria percepçao do que o termo significa muda, trazendo muito mais uma noçao de "comunidade". Juninho tocou no Self Conviction e outras bandas e permanece na ativa até hoje. Ele reflete um pouco sobre tudo isso nesse trecho da entrevista.
No início da década de 90, Santos tinha uma cena forte e consolidada. Nesse período, George morava na Baixada Santista e presenciou o surgimento de bandas importantes. O jornalista relembra de um show em especial e do contexto da época.